domingo, 31 de outubro de 2010

Pela fresta fria da janela
O gato desvenda os segredos que você guardava

Plásticos em decomposição
Areia escaldante

E o clima resignado
Absorve o trailer que roda
Sem roteiro, sem nada

A chama
Ora púrpura, ora pura
Incide sobre a face da bomboniere
No intervalo da noite
Tênue

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pela linha da rocha
O ciclo torrente faz o córtex pulsar
E a nova frente fria banha as nascentes
Que insistem no mesmo mantra

O lírio, em casa, sente falta
Os tons do alvorecer
Se entrelaçam no pomar
Enquanto a caixa d´água vigia

O saibro molda o percurso vigente
E as tesouras estão inquietas

No caminho de Petit
Conto cascalhos

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Por mais cinza que seja
O invólucro de textura áspera
A casca guarda o disfarce

A lágrima que escorre rocha calcária
Forma pontes no percurso

Enquanto isso, os relógios passam
A ponta do grafite desgasta
A areia insiste em cair
Da margem até o ponto abissal
Ela desvenda nichos
Rompe barreiras
Chega à eclusa

Os contornos da cor
Ainda guardados
Constróem pontes
Sobre o lamaçal

Agora me vejo de outra margem

O que antes era breu
Novamente me guia
Ao recife de coral

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

São treze horas do quarto dia
De uma construção perene
Com mormaço intenso
Que o cactos desabrolha

A seiva derramada na face
Disfarça a beleza da tez
Movida de desejos do seu tempo

E o calor continua
Desperto com o próximo acorde
Que rompe o silêncio
E a lua que almeja além do último ato

O sorriso brando de música
Invade o corpo como parasita


A melodia estreita que emana da viola
Balbucia palavras de um tempo
Dedilhando a imagem perfeita

As velas da sala ao lado
E o crustáceo
Apreciam Marisa na mesa

Nesta atmosfera de retalhos
Absorvo placas nas trilhas
Embora o horizonte tenha permutado

E a mudança, que servia de amparo
como lâmina afiada na carne
Voa livre na flor lilás