sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A ponta do leste

Cristais de quartzo entre dedos
Marolas tépidas
De onde avisto o concreto alto
Alvo a beira mar

Tempo de alívio
Livre em conchas abertas

Gaivotas mudam de cenário
ao sol poente

O farol distante avisa
A praia é dos lobos


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Cicatrizes

No cerne do ócio
Oculto em faces
Vago pelas planícies

Ventania
Fulgor revolto

No percurso de mão única
Azulejos portugueses úmidos
Válvulas lacradas no quintal

sábado, 5 de novembro de 2011

A lua ao longe
Clara

Espia pela fresta da janela
Alumínio
Linhas paralelas desenhadas
Na direção do lago

No caminho
Conta raros cães vadios

Afago que se apaga
Na manhã cálida

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sereníssima

Sob douradas cúpulas de Marcos
A menina flerta com o tempo da praça


A estibordo
Segue sem bússola
Onde a névoa se apóia em caminhos liquefeitos


((( Barcos resvalam )))
Revelam corpos flutuantes

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tanto mar sobrevém
mas me dói aceitá-lo
Quanto caos nos detém
Nesse cais soterrado


Porto móvel
Pouco opaco
Tanto faz o meu chão

Ilha além
Onde mais atravesso o canal


Esse vento turbulento
me afaga na maré
Caracóis perambulam
no meu barco
Guarda sol

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A distância que me afasta
da turbulência do voo
suscita nuvens recobertas

O corredor vazio
onde mãos se entretecem
A sala cheia de rusgas
onde o cactus desabrolha

Enquanto o vento balbucia
Sedimentos que escoam
na face de um tempo

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Perpasso o arco da porta                        
E avisto os campos da cidade
                                                                                               
Via que leva-me a arte
Óleos de pedras que embaçam

As margens do rio raso
Espelham palácios Inválidos

Torre de ferro
Em claves de Sol 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dúvidas

Sorvo a rudeza
das tardes sem sombras
do escopo solto na gaveta

Descaso com o violão
Solo no canto da peça única

Carpete de ácaros
Cinza

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Esculturas ásperas na sala
Distorcem a tela plana

Plano de texturas ao redor da mesa
brancura espalhada ao chão

Apoio-me em labirintos fúteis
Que modelam cicatrizes

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mudanças

A fresta do vaso de cedro
Espia alheia
O rumor raso
Do caso da sala ao lado

A cortina do espelho balança
Melodia imprevista

Requintada de tons sazonais
A flor púrpura

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A porta do sol da gran via  
Conduz o urso às fontes

Marcho ronceiro ao palácio
Enquanto Quixote me resguarda
das portas da cidade

Lugarejo de vanguarda
Mãe das águas de Goya

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O mundo da linguagem me desfaz

Por entre o mundo mudo da memória
Esquecida ao acaso no asfalto
A agulha se move ágil entre dedos


Sento-me ao sol
Sou mácula que arde


Forte haste rija
Que o tempo vai brunindo

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A vista

O arame farpado que separa
A tua muralha
Balança ao vento frio

Precipita

As vozes do bambuzal
Conversam em folhas aciculadas

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O assoalho raso da casa
Reflete o calor tórrido
Que emana


E as pegadas lá esquecidas
Coalescem num tempo
Onde o lírio germinou

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dos campos da depressão central
O vento ameno
Direciona atento
A água ao espinho de vida seca

Pérgula onde o terreno fecundo
Floresce rósea, doce amor

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A folha rabisca o tempo
Nervosa

A brisa oscila
Planta de semente nua
Pela fresta da minha janela

domingo, 17 de julho de 2011

Pela fresta fria

Ela espia o vaso de madeira
E muda

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Faz tempo eu quis
Escrever um verso sem pretensão

Sem peias

Mácula que arde e desabrocha


E que o vento vai brunindo
Na trilha tênue

sábado, 25 de junho de 2011

O limbo repleto na copa
Faz companhia ao vizinho vazio
No campo pardo

A fruta em decomposição na cerca
Traduz o passar do tempo

Atento ao clima
Sereno
O bem-te-vi ainda canta

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O vento ameno daquele tempo
Direciona atento
A água ao espinho de vida seca
Onde o terreno fértil
Floresce rósea
Doce amor

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A simples arte de renascer
Perpassa pela íris da menina
Ela titubeia no tato
Mas o calor é cálido

Em toda a sua beleza
Resplandece o ente
Na intensa entrega
Do calor tórrido

As travessias no pampa
Ultrapassam fronteiras
Removem muros
E o calor é máximo

A menina
Nas suas intempéries
Vive um velho novo
Calor

sábado, 11 de junho de 2011

Geada
Ao ronco do chimarrão

Um dia frio
Um bom lugar pra ler
Dispenso o livro
O pensamento está com você
O trem havia descansado naquela estação
Em algum momento descarrilhou
E regressou lento
     Lento
               Lento

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Verdes espinhos
Emanam verticilos
Que retardam em desabrochar

A haste dúbia
Fomenta a história em linhas tênues



A espuma na festa
Revela outras texturas
Liga o sujeito ao predicado
Transformando a palavra
Em interpretações lhanas

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sob o céu tenso
De névoa túrgida
A menina flerta com o tempo
Que traduz
Seu sentimento

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Passeio

Passado
Passeio embaixo da pérgula
O azul cintilante se confunde com o cume
Renasço
E nessa arte, componho
Acorde por acorde
Acordo
Já nem sei mais
Quem sou

sábado, 4 de junho de 2011

Fotos tiradas na serra gaúcha
Foto de fungo (Amanita sp) na serra gaúcha.
Cotidiano

As luzes do concreto vivo
Aduzem o som da sirene que passa
Onde o trailer roda, sem roteiro, sem nada

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Esperança

A neblina gélida do alvor
Sobrevoa na direção do lago

Logo
Tropeço no calor do recomeço
Mas sigo na trilha furtiva
Onde os pássaros ainda cantam

terça-feira, 31 de maio de 2011

Metapoema

Poesia
Epopéia de signos
Num canteiro de dúvidas
Como um grande paiol


Palavras soltas que se encarceram
Espontaneamente no verso


E nesse enredo em rede
Rimas ricas intercalam


E eu, a qualquer hora
Nesse momento
Me construo arte

domingo, 29 de maio de 2011

As intrépidas ondulações da noite
Me despertam de devaneios
De pura mente leviana
Que modela as cicatrizes
Até que o alvor ávido

A manhã
Da angústia que aflige o âmago
Atropelo os ponteiros
Esperando o semáforo

Enquanto o vento balbucia
Na sombra do pavilhão
Memória de um tempo só

sábado, 28 de maio de 2011

Entre carboidratos e manhas
A lua nova noite encanta
E o som da viola
Ressoa seco no cálice tinto
A luz penetrante
Alimenta o limbo esguio
E orienta em trajetos perpendiculares
Dos quais a fantasia da vida
Insiste em revogar

sexta-feira, 20 de maio de 2011

De volta ao teu corpo
Sinto o calor que emana
Do anoitecer sereno

Rosamêndoas e caquis
Revelam outras texturas
Ligando o sujeito ao predicado
Transformando a palavra
Em interpretações lhanas

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fotos

Nuances e fragmentos
De espelhos adversos
Decifram a lente de tantas cores

Mantras na fotografia
Refletem a imagem
Do calor que transfigura

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sala

O azulejo alvo de parede fria
Ofusca minha percepção dos fatos
E a luminária está apagada

Agora sei quem sou

domingo, 15 de maio de 2011

Campos

Paredão cinza bloqueia
Lágrimas que caem da pedra
Aparadas pela natureza
Canela brava

Caracóis perambulam pelo verde
Corredeiras me perseguem
Enquanto a coruja dorme sossegada
Passeio

Passeio embaixo da pérgula
Corpos frutíferos vicejam

E nessa arte me componho

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A luz que invade sem agonia
Traz com ela a canção
Carros canoros
Corpos carnosos
Reflexão


A intensa roda gigante
Onde a areia passa
Até o mergulho


O que será do amanhã?

terça-feira, 10 de maio de 2011


A ave berra ao som da palmeira
Onde o vento ligeiro
Rasga o céu

O homem ali prostrado

De pescoço inclinado
Varre a cena repentina
Sem pedir licença
Ao romper do dia

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Corre o tempo a beira rio
E o vento forte a jusante
Balança as camisas molhadas de sol
Sal que escorre pelo caminho túrgido  

segunda-feira, 18 de abril de 2011


A luz ao longe
Clara ilumina

Ela observa o asfalto úmido
Que flutua na direção do lago


Tristeza
Afago que se apaga
Na miragem do deserto

terça-feira, 12 de abril de 2011



A folha composta dança em meio ao refúgio
Onde linhas paralelas coalescem

Sentada
A cadeira vigia

Espia o imaginário templo
A espera do lírio
Na sala sete quatro

sábado, 26 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

Dia Mundial da Água - 22/3

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. Mas porque a ONU se preocupou com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por este precioso líquido?A razão é que cerca de 0,008 %, do total da água do nosso planeta é potável (própria para o consumo) e,  como sabemos,  grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) está sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do ser humano. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Pensando nisso, foi instituído o Dia Mundial da Água, cujo objetivo principal é criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema.

A água é o fator preponderante em toda a fisiologia de uma planta, participando efetivamente da nutrição e crescimento vegetal. Com a quebra da molécula da água no processo da fotossíntese, a planta libera o gás oxigênio na atmosfera, indispensável para a manutenção da vida da maioria das espécies.
Preservem os nossos recursos hídricos.
                                                      Uso consciente da água.

segunda-feira, 21 de março de 2011

DIA MUNDIAL DA POESIA

sábado, 19 de março de 2011

A fresta do vaso de cedro
Espia alheia em todas as direções
O rumor raso
Do caso da sala ao lado

A flor púrpura
Rebuscada de tons sazonais
Insiste em lapidar o tempo

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dia 14 de março - Dia Nacional da Poesia
                   Circuito das estações Adidas/Outono - 5Km - 24:55

quinta-feira, 10 de março de 2011

Quisera eu ser a dama da noite
Aberta ao tempo inóspito
Sem pedir perdão da vida
Do calor do dia e da solidão

Rompendo trincheiras
De um caminho íngreme
Entre um SIM
E um NÃO
Por entre o insólito caminho da volta
Os sonhos rodam em curvas de mesma direção


Enquanto os girassois atônitos
Procuram uma saída
No fim de tarde

domingo, 27 de fevereiro de 2011

"A gente nunca pode desistir de encontrar sentido no aparente absurdo de nossa existência"


(Moacyr Scliar)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Raios do alvorecer guiam sem pretensão
Um breve silvo do bem-te-vi

E os olhos mareados
Não me querem mais
Quando tomo o grafite e redijo
Abdico
Deixo solto ao sol
Sou eu

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A mancha


O sentido do poema é mácula na folha
O líquido contido em mim sorrateiramente evapora
Bebo no conspícuo silêncio da arte
Estou de volta

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Essa água dura que refresca
A rocha tépida


Balança


Repuxa entre muralhas verdes
Onde o mormaço perpassa
Aquelas ondas