terça-feira, 31 de maio de 2011

Metapoema

Poesia
Epopéia de signos
Num canteiro de dúvidas
Como um grande paiol


Palavras soltas que se encarceram
Espontaneamente no verso


E nesse enredo em rede
Rimas ricas intercalam


E eu, a qualquer hora
Nesse momento
Me construo arte

domingo, 29 de maio de 2011

As intrépidas ondulações da noite
Me despertam de devaneios
De pura mente leviana
Que modela as cicatrizes
Até que o alvor ávido

A manhã
Da angústia que aflige o âmago
Atropelo os ponteiros
Esperando o semáforo

Enquanto o vento balbucia
Na sombra do pavilhão
Memória de um tempo só

sábado, 28 de maio de 2011

Entre carboidratos e manhas
A lua nova noite encanta
E o som da viola
Ressoa seco no cálice tinto
A luz penetrante
Alimenta o limbo esguio
E orienta em trajetos perpendiculares
Dos quais a fantasia da vida
Insiste em revogar

sexta-feira, 20 de maio de 2011

De volta ao teu corpo
Sinto o calor que emana
Do anoitecer sereno

Rosamêndoas e caquis
Revelam outras texturas
Ligando o sujeito ao predicado
Transformando a palavra
Em interpretações lhanas

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fotos

Nuances e fragmentos
De espelhos adversos
Decifram a lente de tantas cores

Mantras na fotografia
Refletem a imagem
Do calor que transfigura

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sala

O azulejo alvo de parede fria
Ofusca minha percepção dos fatos
E a luminária está apagada

Agora sei quem sou

domingo, 15 de maio de 2011

Campos

Paredão cinza bloqueia
Lágrimas que caem da pedra
Aparadas pela natureza
Canela brava

Caracóis perambulam pelo verde
Corredeiras me perseguem
Enquanto a coruja dorme sossegada
Passeio

Passeio embaixo da pérgula
Corpos frutíferos vicejam

E nessa arte me componho

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A luz que invade sem agonia
Traz com ela a canção
Carros canoros
Corpos carnosos
Reflexão


A intensa roda gigante
Onde a areia passa
Até o mergulho


O que será do amanhã?

terça-feira, 10 de maio de 2011


A ave berra ao som da palmeira
Onde o vento ligeiro
Rasga o céu

O homem ali prostrado

De pescoço inclinado
Varre a cena repentina
Sem pedir licença
Ao romper do dia

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Corre o tempo a beira rio
E o vento forte a jusante
Balança as camisas molhadas de sol
Sal que escorre pelo caminho túrgido