terça-feira, 21 de maio de 2013


Quando está escuro
Sigo muro de concreto
Cego 
Entre galhos secos

Canto de pássaro nativo
Pista de mão dupla

Ávido
Fujo

Não há meio mais seguro
Das galáxias ao efeito estufa

domingo, 19 de maio de 2013


Ruídos regidos pela corda sol
Em redes de sons sazonais
Não acalentavam as paredes alvas

Tudo o que era próprio dela
Fugia-lhe de repente

Cicatrizes no tapete da casa
Asas pardas da curicaca 
Descaso com o dever verde
Fruindo latente em seus sonhos

Em uma tarde vazia de outono
Catarse

A chuva disse que vinha
Ela disse: voltei
Estou comendo uvas

Visto que ontem à tarde

Justo ali na sala ao lado

Ela contava conchas vazias

Sobre a colcha macia de lã

Ontem à noite
Ante a tormenta do cais
Contava conchas vazias na areia

O silêncio
Capaz de levar adiante o que não me afaga
Apaga da história o que não disse

Réstia de luz
Resta-me
Nós

Verdes acúleos vigiam
Sede da erosão de intempéries

Angústia que aflige
Haste dúbia que fomenta a trilha

Linha tênue no quintal

Não posso mais dormir
Vagalumes ainda dançam

Cume do morro
Vazio

Corro da chuva
Sabiás cantam na janela
Cheiro de azaleia no quarto

Quieto em meu canto
Decoro canção antiga

Disfarço
Verde oliva
Como se fosse fácil de manejar
Ela escova fios de seda na varanda

Desvela com zelo
À tarde fria

Fósseis que não saem dos jornais de domingo

No caminho de Ipanema
Conta máculas no trapiche

Centelhas de velas
À noite na sala de cinema